quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Preciosíssimo Sangue de Jesus

A memória da Paixão de Jesus que se faz cada vez que nos voltamos ao seu Preciosíssimo Sangue está indissoluvelmente unida à Santíssima Eucaristia, ao Sangue Eucarístico do Senhor.
Muitas vezes, quando celebramos a Sagrada Eucaristia, temos bem presente a última Ceia do Senhor, o que está correto: esta Ceia foi a primeira de todas as celebrações eucarísticas. Mas a própria última Ceia de Jesus não se entende sem referência à sua Paixão; ao mesmo tempo, a Ceia foi o modo mais eloqüente com que Jesus expressou o sentido que Ele mesmo daria à morte, que iria sofrer no dia seguinte.
Na noite em que ia ser entregue, celebrando com os apóstolos a última Ceia, o Bom Jesus “tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós’” (Lc 22,19). Também “pegou o cálice, deu graças, passou-o a eles, e todos beberam. E disse-lhes: “Este é o meu sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos” (Mc 14, 23-24). Nos sinais do pão e do vinho, Jesus entregou seu Corpo e Sangue, isto é, sua vida, entregou-se a si mesmo, antecipando o sacrifício da Cruz. Sem a Cruz, a Ceia seria um anúncio sem realização, uma promessa sem cumprimento. Por outro lado, sem a Ceia, a Cruz correria o risco de não ser compreendida: quem poderia ver na execução de um condenado o Sacrifício da nova e eterna Aliança, se Aquele mesmo que foi morto não mostrasse como entendia a própria morte?“Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade” (Jo 10,18): mostrou-o na Ceia, antecipando a entrega que faria na cruz.
Nas Missas que celebramos, obedecendo a palavra do Senhor (“fazei isso em memória de mim”), também tomamos o pão e o cálice recordando a morte e a ressurreição de Jesus, e no pão e no vinho consagrados, é-nos oferecida, como foi aos apóstolos naquela Ceia, a própria vida de Jesus, Ele mesmo, oculto no sinal do sacramento.
Tudo isso é possível pela força do Espírito Santo. “Impelido pelo Espírito Eterno, Cristo ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha” (Hb 9,14). Esse Espírito garante que o mistério da Cruz e da Ressurreição, antecipado na Ceia e recordado em nossas Missas, não seja uma mera lembrança psicológica, mas contenha Aquilo que simboliza. Justamente por ser Eterno, o Espírito Santo faz com que o Sacrifício de Cristo, o próprio Jesus morto e ressuscitado, esteja sempre presente em todo o tempo, nos sinais do pão e do vinho que consagramos. Mais ainda, Espírito Eterno faz com que os homens e mulheres de todos os tempos, recebendo a comunhão, participem da graça e da benção obtidas pela morte e ressurreição do Senhor.
Nos dois sinais sacramentais, pão e vinho, estão presentes o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo, pelo que basta a comunhão em apenas um deles para se receber Jesus inteiro. Também, já no sinal do pão, partido e dado, e, mais ainda, na própria existência de dois sinais, Corpo e Sangue, é expressa a morte do Senhor. Mas é no sinal do vinho que o simbolismo da Paixão aparece de modo mais marcante. Do mesmo modo como o pão traz á memória a encarnação de Jesus (com razão a Santa Eucaristia é saudada no antigo hino: “Salve Corpo verdadeiro que da Virgem Mãe nascestes”), o vinho vermelho, “sangue da uva” (Dt 32,14), traz, quase que espontaneamente, a memória de sua Paixão, de seu Sangue derramado. O fato da piedade eucarística voltar-se, quase que exclusivamente, ao sinal do Pão consagrado (comunhão somente com o Pão consagrado, adoração somente da Hóstia consagrada), empobreceu a compreensão que o nosso povo tem da Santíssima Eucaristia, onde o sinal do vinho é tão essencial quanto o sinal do pão.
Meditamos sobre o Sangue sagrado que Ele derramou por nós, ao mesmo tempo que adoramos este Sangue Precioso no Sacramento do altar, queremos crescer na compreensão deste Santíssimo Sacramento e na gratidão pelo dom infinito que Ele fez de si mesmo por nós, no altar da cruz. Assim seja.
Artigo extraído do Devocionário ao Preciosíssimo Sangue de Jesus

Sangue do Bom Jesus,
dado a nós na Eucaristia
Queremos crescer
na compreensão
deste Santíssimo Sacramento

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