sábado, 6 de setembro de 2008

Perseguição contra Cristãos

O interessante é que mesmo após a morte e ressureição de Jesus os cristãos continuam anunciando o Evangelho e sendo perseguindos.Veja o que o diz este site:
www.audacia.org
Há pessoas cujo estilo de vida incomoda outras pessoas. Pode ser porque deixam a sua terra e partem para outras paragens longínquas, ou então porque optam por viver e trabalhar entre os pobres, ou, ainda, porque denunciam os que enriquecem à custa de injustiças e aqueles que fazem a guerra com a finalidade de aumentar o seu poder. Entre estas pessoas desconcertantes ocupam um lugar de relevo os missionários: padres, irmãs, casais e solteiros.

Todos os missionários vibram com o seu modo de vida. Decidiram pôr as suas energias ao serviço do anúncio do Evangelho. E realizam esta tarefa até às últimas consequências.
Todos os anos há missionários que são mortos em terra de missão. Não fogem nos momentos de perigo. Antes, enfrentam aqueles que os matam com serenidade e com sentimentos de perdão. Porque entregam tudo, até a vida, são contados entre os mártires da Igreja.
Nos últimos cem anos, 22 missionários portugueses foram martirizados nas missões: 12 em Angola, 8 em Moçambique, 1 no Brasil e 1 em Espanha.
Em Angola, logo depois do Acordo de Alvor (1975), rebentou a guerra civil, que atingiu as populações indefesas. Os missionários permaneceram com o povo sofredor e experimentaram as consequências do seu altruísmo.
O Irmão Artur Paredes, da Sociedade Missionária Portuguesa, natural deBaraçal (Sabugal), foi com um colega celebrar a Epifania a Conda, vila que foi atacada violentamente pelos rebeldes. Ao tentar socorrer os feridos, ele foi morto pelas balas. Também da Sociedade Missionária, o padre Manuel Armindo de Lima, de Chaviães (Viana do Castelo), caiu numa emboscada armada por pistoleiros ao serviço de forças políticas.
Os espiritanos foram os mais atingidos. O Irmão Afonso Rodrigues, o «irmão faz-tudo», que, aconselhado a sair de Caconda, respondeu: «Não, daqui não saio!». Foi morto pelas balas dos assaltantes. Era natural de Vela (Guarda). O padre José Silva Pereira, nascido em S. Julião do Freixo (Ponte de Lima), foi encontrado morto à facada a escassos metros de casa da missão de Munhino. Na Bela Vista, o padre Adélio Ribeiro Lopes, de Areias de Vilar (Barcelos), foi raptado a 13 de Julho de 1976 e não se sabe ao certo a data da morte. E o padre Abílio Guerra, natural de Válega (Ovar), foi morto à porta da casa que é a sede dos espiri-tanos em Angola num ataque premeditado. Apresentava sinais de tortura e ferimentos profundos na cabeça.
Na diocese de Menongue, foi morta também a leiga missionária Dilar, natural de Vila da Feira.
As irmãs missionárias, que fazem tanto bem na assistência humana e ao serviço das paróquias, não escaparam à fúria assassina. A Irmã Maria das Dores Mendes, nascida em Salgueirais (Guarda), das Doroteias, caiu numa emboscada na estrada de Benguela. Com ela faleceu também a irmã Maria Celeste Abreu Gonçalves, natural de Cela (Chaves), pertencente às Irmãs do Amor de Deus. A Irmã Maria de Lourdes Aguiar, de Santa Maria do Freixo (Porto), das Teresianas, foi vítima de um assalto à missão de Canhe (Huambo). A Irmã Maria de Oliveira, natural de S. Mamede de Vermil (Guimarães), das Franciscanas Missionárias de Maria, foi raptada e morta no dia seguinte. E a espiritana Irmã Maria Joaquim, de Castelões (Tondela), achava que devia socorrer a qualquer custo os feridos da guerra. Morreu vítima dos bombardeamentos no Huambo.
Também em Moçambique a transição do colonialismo para a independência foi marcada por lutas tribais e ideológicas. E, tal como em Angola, a Igreja que está ao serviço do povo, teve as suas vítimas.
A Sociedade Missionária Portuguesa conta três missionários mortos: o padre Alírio Baptista, nascido em Calvão (Vagos), caiu vítima de uma emboscada na estrada de Nampula; o padre António Rocha, de Escariz (Arouca), com apenas 29 anos, morreu numa emboscada na estrada de Pemba. E, em 1991, foi assassinado à machadada o padre Manuel Joaquim Cristóvão, natural de Corgas (Proença-a-Nova).
Entre os jesuítas, conta-se o padre Sílvio Alves Moreira, natural de Rio Meão (Vila da Feira), e o padre João de Deus Gonçalves Kamtedza, de Tete, assassinados na missão de Lifidzi.
Os franciscanos contam dois mártires: o Irmão Francisco do Nascimento, de Valpaços, foi vitimado por uma mina, e o padre Frederico Samuel, de Maxixe, foi abatido por assaltantes perto de Maputo.
As Irmãs do Precioso Sangue contam uma mártir: Irmã Mª Lurdes Gonçalves Granado, de Escalhão (Castelo Rodrigo), vítima de emboscada.
No Brasil, o redentorista padre José Maria Prada, de Parâmio (Bragança), foi assassinado na paróquia de Salgueiro, pelo jovem que lhe pedira que lhe anulasse o casamento religioso.
Em Espanha, durante a Guerra Civil (1936-1939), foi fuzilado o irmão Mário Félix, dos Irmãos das Escolas Católicas, natural de Bouro (Braga). O motivo da sua morte foi: ser membro de um instituto religioso.
Seria longo descrever as circunstâncias da morte de cada um. Mas de uma coisa estamos certos: a fidelidade dos mártires até à morte, de modo particular a violenta, testemunha que Deus que nunca abandona o seu povo e de que não há maior felicidade do que dar a vida pelos outros.

Isto no passado de apenas cem anos, mas veja agora este outro site o que diz:

Cristãos em Laos são ordenados a renunciar sua fé


Saiba mais sobre a Igreja Perseguida no Laos
LAOS (8º) - O chefe do vilarejo de Boukham, na província de Savannakhet, ordenou que famílias de três cristãos presos assinassem documentos nos quais renunciariam à fé. O Grupo de Direitos Humanos pela Liberdade Religiosa em Laos (HRWLRF, sigla em inglês) noticiou que os membros da família se recusaram.Na provincial de Borikhamxay, o governo continua a pressionar 22 famílias cristãs, incluindo 150 pessoas do vilarejo de Toongpankham que se recusaram a desistir do cristianismo. As autoridades do vilarejo destruíram a igreja em janeiro, e, em meados de agosto, molestaram membros da igreja por não se reunirem adequadamente para o culto.No incidente do vilarejo de Boukham, na província de Savannakhet, o chefe convocou as famílias de dois cristãos presos, identificados pelos nomes de Boot e Khamsavan, e ordenou que viajassem à estação policial onde os dois eram mantidos, para assinar o certificado de renúncia de sua fé; os membros da família se recusaram, de acordo com o HRWLRF. A polícia deteve Boot e Khamsavan, juntamente com o seu pastor, Sompong, em 3 de agosto. Os membros da família viajaram à estação policial em 24 de agosto para visitar Boot, Khamsavan e Sompong. Quando chegaram à cela, os oficiais apertaram as algemas e as travessas de madeira, comprimindo as mãos e pés dos prisioneiros, e causando severa dor.“Essas são as conseqüências de não assinar os documentos para renunciar à fé”, um policial disse aos visitantes. “Nós já demos a vocês três oportunidades para fazê-lo, mas vocês se recusaram”.No dia 25 de agosto, depois que os visitantes retornaram à suas casas, o chefe do vilarejo ordenou que Boot e Khamsavan fosse postos em liberdade por meio de fiança, mas disse que Sompong não seria libertado, já que a sua punição por liderar a igreja deveria ser “prisão perpétua”.Tradução: Luis Felipe Carrijo Silva
www.portasabertas.org.br/notícias

Teologia da Libertação ou da Liberação?


Do site do prof.Felipe Aquino veja o que encontrei.Somente o prof. para defender os princípios dogmáticos da Fé Católica fazendo com que possamos tomar consciência de que a TL não passa de padres disfarçados de "simples e pobres".Poucos fazem esta opção e quando fazem não precisa de TL como é o caso dos Pe.Roberto Lettieri,Antonelli Cadeddu,Madre Tereza de Calcutá e tantos outros...
Duas visões da mesma Igreja

No centro de nova polêmica, a Teologia da Libertação é debatida por:
Leonardo Boff e Dom Estêvão Bettencourt
CELINA CÔRTES
Fonte: JORNAL DO BRASIL - Domingo, 18 de Fevereiro de 1996 - Caderno B
A doutrina conhecida como Teologia da Libertação (TL) sofreu um duro golpe no último dia 5, quando, em sua viagem por países da América Central, o Papa João Paulo II declarou que, com a queda do comunismo, “caiu também a Teologia da Libertação”. Preocupada com uma prática que busque soluções para a injustiça social na América Latina, a corrente progressista chegou a ser vista como uma ameaça de desmembramento dentro da Igreja. Por isso, seu maior defensor no Brasil, o teólogo franciscano catarinense Leonardo Boff, 57 anos, acabou condenado a passar 11 meses em silêncio, em 1985, sob a acusação de duvidar da origem divina da hierarquia católica em seu livro Igreja, carisma e poder (1981). Segundo Boff, que abandonou a batina, o processo que culminou com a punição teve a intensa participação do monge beneditino carioca Estêvão Bettencourt, 76 anos, identificado com o setor mais conservador da Igreja. Agora, com a recente manifestação do papa sobre a Teologia da Libertação, Boff e Dom Estêvão aceitaram com grande entusiasmo a proposta de que fosse realizado um debate sobre o tema, via fax. Na troca de perguntas e respostas, publicadas abaixo e na página 5, Dom Estêvão acusa a TL de ter provocado uma debandada de fiéis. Boff contra-ataca criticando o que chama de Igreja hierárquica. No debate, cada qual defende, a seu modo, a opção da Igreja pelos pobres.
Leonardo Boff pergunta a Dom Estêvão
- O papa escreveu numa carta aos bispos, em 1986, que a Teologia da Libertação (TL) “é não só oportuna mas útil e necessária” e representa uma “nova etapa da reflexão teológica”. Agora, 10 anos depois, segundo os jornais, diz que esta teologia desapareceu com a morte do socialismo. O papa não pode estar contra o papa. Como o senhor entende essas opiniões contrárias?
- A afirmação acima não pode ser desvinculada do seu contexto. Ora, o contexto em foco é o seguinte: após convidar os bispos do Brasil a procurar respostas coerentes com os ensinamentos do Evangelho, da Tradição viva e do perene Magistério da Igreja, diz o papa: “Estamos convictos (…) de que a Teologia da Libertação é não só oportuna, mas útil e necessária. Ela deve constituir uma nova etapa - em estrita conexão com as anteriores - daquela reflexão teológica iniciada com a tradição apostólica e continuada com os grandes padres e doutores, com o Magistério ordinário e extraordinário e, na época mais recente, com o rico patrimônio da Doutrina Social da Igreja (DSI) expressa em documentos que vão da Rerum Novarum à Laborem Exercens”. Poucos meses após tal carta, o papa a mencionava em Bogotá e dizia: “Quis recordar que a Teologia da Libertação deve desenvolver-se em sintonia e sem rupturas com a Tradição teológica da Igreja e de acordo com a sua Doutrina Social”. A prova de que a controvertida TL não atende a essas exigências é a Instrução Libertatis Nuntius (6/8/84), que aponta os aspectos nevrálgicos da TL. Na verdade, há várias modalidades de TL, a começar pela de São Paulo, que é paradigmática e prega a libertação do gênero humano escravizado pelo pecado; esta é a TL autenticamente cristã, sendo a instauração da justa ordem social um corolário de tal doutrina. Por conseguinte, quando o papa afirma que a TL outrora controvertida está extinta, ele não se contradiz.
Dom Estêvão pergunta a Leonardo Boff
- Como justificar o recurso da Teologia da Libertação à análise marxista, que é materialista e atéia? A árvore má não pode dar frutos bons (Mt 7,18). O ateísmo não pode contribuir para elaborar uma síntese de fé.
- Os teólogos da libertação nunca assumiram o marxismo como uma cosmovisão unitária, explicativa do homem, do mundo, de corte declaradamente atéia. Seguiram o Papa Paulo VI na encíclica Octogesima Adveniens de 1971, que acolhe distinções no marxismo, como uma prática de luta de classes, como forma de governo de partido único, como maneira de organização da sociedade de molde socialista e, por fim, como um método de análise social e política. Muitos teólogos da libertação, nem todos, assumiram várias categorias da tradição marxista, seja de Marx (a importância do econômico na compreensão da sociedade, a mercadoria como fetiche, a categoria da alienação etc), seja de Gramsci (a importância do político, do bloco histórico, a função positiva da religião na formação da consciência libertária), seja no marxismo acadêmico francês (Althusser). Estas categorias nos permitiram ver com clareza a irracionalidade e a desumanidade do sistema do capital. Marx deixou-nos evidente que o pobre não é um pobre, mas um empobrecido e um oprimido, lição que os papas recentes e os bispos latino-americanos em Puebla (1979) tardiamente também aprenderam. Lição que não devemos esquecer nos dias de hoje, ofuscados pelo neoliberalismo que, para garantir seu nível de acumulação mundialmente integrado, custa ao grande Sul uma Hiroxima-Nagasaki a cada dois dias. A análise vale pela luz que ela produz, não pelo fato de ser atéia ou teísta. Prefiro mil vezes um médico ateu e bom que me cura do que um médico mui cristão e incompetente que me mata. O Espírito Santo falou por Marx, pois, como disse São Tomás de Aquino, repetindo uma longa tradição: “Qualquer verdade, seja quem for que a diga, provém do Espírito Santo através de quem a fala”. Pobre seria a síntese cristã que não aprendesse nada de Marx nem incorporasse as verdades que por ele o Espírito nos disse. Não assim pensou o Papa Xisto V, que mandou colocar um obelisco egípcio bem no centro da Praça de São Pedro com os seguintes dizeres: “Xisto V, Pontífice Máximo, mandou transportar com muita fadiga até a Sé dos Apóstolos este obelisco vaticano, que outrora fora dedicado ao ímpio culto dos deuses pagãos”.
Impasse entre Boff e Estêvão
Nas perguntas e respostas a seguir, Dom Estêvão Bettencourt e Leonardo Boff discutem uma questão aparentemente velha mas atualíssima: de que forma a Igreja pode contribuir diante do quadro de desigualdade social. Para Dom Estêvão, a Teologia da Libertação (TL), ao filtrar sua teoria à luz do marxismo, distanciou o povo da Igreja. “Só se ouviam discursos de ordem política, provocadores do ódio”, diz o teólogo, para quem não é necessário se filiar à TL para responder à problemática social. “Basta conhecer o Evangelho e proceder de acordo”, resume.
Já Leonardo Boff critica o paternalismo e o assistencialismo da Igreja. “Ela faz muito para os pobres mas muito pouco com os pobres e quase nada a partir dos pobres”. Segundo Boff, o importante é que o povo seja sujeito de sua prática social e, para tanto, a libertação espiritual tem que envolver também uma libertação econômica, cultural e política. E parafraseando Jesus Cristo, sintetiza: “O mais importante é a justiça, depois o pagamento dos dízimos da Lei”.
Leonardo Boff pergunta a D. Estêvão
- Haja ou não Teologia da Libertação, é inegável que os pobres estão aí e aumentam em nível mundial. Pobreza, bem disseram os bispos latino-americanos em Puebla, em 1979, não é uma etapa casual mas o resultado de determinadas estruturas econômicas, sociais e políticas. Isso foi dito por Marx um século antes. Portanto, pobreza é empobrecimento, opressão. É eticamente uma injustiça e teologicamente um pecado social. E se é pecado, tem a ver com Deus e contra Deus. O oposto à opressão é a libertação. Os cristãos, por seu ideário, devem ter uma prática de libertação. E quando criam a teoria desta prática nasce a Teologia da Libertação. O que o senhor pensa disso?
- Quer aceitemos ou não, há um fato inegável: a Teologia da Libertação aproximou muito os bispos, padres, religiosos e leigos do mundo dos pobres. Por causa da prática libertadora, a Igreja latino-americana é a única atualmente que tem mártires, desde arcebispos como Dom Romero até simples leigos que foram seqüestrados, torturados e mortos. Sempre se entendeu o martírio como o grande argumento da veracidade da opção dos cristãos. Parece que as autoridades do Vaticano têm dificuldade em reconhecer esse testemunho. Como interpreta tal hesitação?
- Data venia, contesto a afirmação. Abstração feita de casos particulares, verificamos que a TL provocou divisões no povo cristão. Os respectivos teólogos puseram-se a falar de “Igreja que nasce do povo”, ou “Igreja popular” em oposição à hierarquia. A oposição se verificou nitidamente nos encontros das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Em Canindé, por exemplo, em julho de 1983, os militantes diziam que opção pelos pobres significa povo unido e povo unido sifnifica opção de classes: povo unido indica também uma nova prática que revela o conflito social, que tem como função pedagógica desmascarar ou então revelar a opção de classe. Em Trindade (GO), em 1986, dizia um militante: “CEBs somos nós. Vamos acabar com a hierarquia eclesial”. Ao que outro respondeu: “Não é o caso de acabar com a hierarquia; os bispos e os padres… devem se converter ao povo”. As CEBs nem sempre quiseram romper os laços com a hierarquia, mas fizeram questão de que a hierarquia estivesse do lado delas. Leonardo Boff resumiu seu pensamento numa frase: “O importante não é saber se há povo sem bispos, mas se há bispos sem povo”. Quanto aos mártires, notemos que o conceito bíblico e clássico de martírio é “morte em testemunho da fé” (in odium fidei, por causa do ódio à fé da parte dos algozes). Ora, podemos dizer que os “mártires da América Latina” não morreram por professarem a fé cristã, odiada por seus carrascos; morreram sim por causa de opção sócio-política (compatível com o ateísmo) contrária a outra opção sócio-política (da ordem constitucional vigente).
- O senhor não acha que as idas e vindas do Vaticano com referência à Teologia da Libertação, que dá centralidade às causas dos pobres, e às reticências face à opção preferencial pelos pobres contra a sua pobreza, não acabam por escandalizar os pobres e finalmente confirmam a idéia ou o preconceito de que a Igreja é hierárquica, contra-revolucionária e conservadora, mais perto dos palácios dos Césares do que da barca do pobre Pedro?
- Durante os anos em que se debateu a TL, os pobres debandaram maciçamente da Igreja, apesar da propalada opção preferencial pelos pobres. Estes iam à Igreja sequiosos de ouvir uma palavra sobre Deus e os valores espirituais (dos quais os pobres nãoa são menos famintos que os demais homens), mas só ouviam discursos de ordem política, provocadores do ódio, da desconfiança, da luta… Muitos se escandalizaram com a politização geral do Cristianismo, com os abusos cometidos na Liturgia, com o teor passional dos cantos pastorais, com o conteúdo dos sermões (que jogavam uns contra os outros), com a perda de identidade de quem devia dar a nota religiosa às assembléias de culto… A Igreja não é favorável ao uso da violência para a reforma social, pois violência gera violência. O papa tem representado a Igreja com brio, visto ser o único líder mundial que nos cinco continentes encontra audiência atenta (ver Filipinas em janeiro de 1995, onde três milhões de jovens se reuniram); de maneira simples, sem estilo de pa- lácio dos Césares. Como verdadeiro sucessor de Pedro, mas em tom vigoroso, tem pregado a renovação da sociedade, preconizando, antes do mais, a conversão dos corações sem a qual a reforma das estruturas será sempre vã.
D. Estêvão pergunta a Leonardo Boff
- Como entender um Cristianismo arreligioso, em que “a oração, a missa e os sacramentos não são a parte mais importante… Um Cristianismo que não confere um sentido objetivo e sobrenatural à luta popular, mas é a luta popular que dá sentido à fé?” (Cf. Clodovis Boff, Do político, pp. 102-107).
- Dom Estêvão cita e resume mal a opinião de meu irmão, também teólogo, Clodovis. Permito-me citá-lo e depois entro nos méritos do debate: “Quando lutamos pelos homens, sobretudo pelos oprimidos, lutamos por Ele, Deus, quer saibamos, quer não. Então, não é a presença dos cristãos que confere a um movimento histórico seu caráter sobrenatural. Depende da retidão ética de seus agentes. A presença da salvação na libertação histórica é objetiva… Toda história humana se desenrola dentro da ordem da salvação, ou seja, sob o signo real da salvação oferecida desde sempre e que os homens aceitam ou rejeitam através de suas práticas… Não é a fé que confere um sentido sobrenatural ou divino à luta. É o inverso que ocorre: é esse sentido objetivo e intrínseco que confere à fé sua força” (Da libertação, Vozes 1980, 106-107). Vamos traduzir em palavras simples este dialeto teológico. Deus empapa a história. Está sempre presente e atuante em sua criação e nas práticas humanas. Por aí vai realizando seu desígnio em articulação com os desígnios humanos. Assim, se Fidel Castro ou Mao Tse-Tung por suas revoluções conseguem mais vida e meios de vida para suas populações, como saúde, educação, lazer, justiça e beleza, significa que bens do Reino de Deus, dimensões do desígnio divino se realizaram, quer eles queiram ou não, quer creiam ou não. O conteúdo divino ou “sobrenatural” (não gosto desta palavra porque é ambígua e uma criação da teologia recente, Tomás de Aquino nem conhece esta categoria) está garantido pela retidão de tais práticas políticas. Por isso um confrade do Mosteiro de São Bento, Dom Marcos Barbosa, podia poetar em boa teologia: “Varredor, que varres a rua, tu varres o Reino de Deus”. Mas essa libertação não é integral porque não incorpora a explicitação de sua última origem em Deus. Por isso os teólogos da libertação podem dizer com acerto: o mais importante não é a Teologia da Libertação, mas a libertação concreta dos oprimidos. Mas a integralidade comporta a libertação e a expressão de seu momento também divino ao lado do momento popular, econômico, político, cultural… Não disse outra coisa Jesus quando advertiu os fariseus: o mais importante é a justiça, a misericórdia e a fidelidade, depois o pagamento dos dízimos da Lei. É aquilo que importa fazer sem omitir isso (Mt 23,23).
- Como explicar que, precisamente quando se apregoou a opção preferencial pelos pobres, os pobres começaram a abandonar a Igreja? Um economista comparou o fato à lei da oferta e da procura: se a procura de Deus não encontrava resposta na pregação da Teologia da Libertação, a demanda se voltou para instâncias não católicas.
- A opção preferencial pelos pobres quer superar o clássico paternalismo e assistencialismo eclesiástico. Faz muito para os pobres mas muito pouco com os pobres e quase nada a partir dos pobres. Pela opção pelos pobres se pretende dar centralidade aos pobres. Eles não são apenas aqueles que não têm. Eles têm saber, experiência, sentido de luta e resistência. Muito a Igreja clerical tem a aprender dos pobres. A libertação somente é real se for feita pelos próprios pobres, a partir de sua perspectiva na medida em que se sentem sujeitos de sua prática, ganham consciência, se organizam e estabelecem práticas de transformação. A Igreja, os padres, os teólogos e outros agentes orgânicos entram como aliados dos pobres, contra sua pobreza e a favor de sua justiça. O importante é que o pobre seja e se sinta sujeito de sua prática social e eclesial. E aqui está a grande questão: na Igreja atual, hierárquica e clerical, os pobres não são sujeitos. Com os círculos bíblicos, com a reflexão comunitária e com a Teologia da Libertação descobrem que na Igreja hierárquica que detém o monopólio das decisões e das palavras que contam, eles não são reconhecidos em seus direitos e em suas responsabilidades. Os ministérios leigos não são ministérios leigos, são funções sacerdotais confiadas aos leigos porque há carência de padres. Toda iniciativa tem que ser aprovada de cima. No sindicato contam e valem. Na comunidade cristã não, porque são infantilizados e marginalizados. E ainda têm que engolir a falsificação clerical que é a vontade de Deus e de Jesus, que na Igreja devem existir clérigos e leigos, mas o mando só cabe aos clérigos. Dão-se conta que as mulheres não valem e que os direitos básicos não são respeitados. Saem da Igreja hierárquica porque são bons cristãos conscientes e denunciam o quão ruim é a organização piramidal deste tipo de Igreja. Na verdade não saem da Igreja. Ajudaram a criar outro modelo de Igreja, mais próximo de Jesus e da grande Tradição, a Igreja-comunidade de irmãos e irmãs. Aqui eles encontram a satisfação de suas demandas religiosas. E ainda têm fé de conviver em comunhão com a Igreja hierárquica, na esperança de que ela um dia se converta ao Evangelho e ao povo. O economista citado pode ser um bom economista mas é um analista fraco. As pessoas vão a instâncias não católicas porque a rigidez das igrejas históricas não lhes comunica um Deus vivo, mas demasiadas doutrinas e preceitos humanos.
- Como sustentar, aos olhos da razão, que o critério da verdade é a praxis ou a eficácia transformadora da sociedade? Não equivale isto a esvaziar a própria noção de verdade? A verdade tem características de perenidade e não é contingente.
- Os teólogos da libertação não elaboraram uma teoria específica da verdade. O que eles querem dizer é algo profundamente tradicional e pertencente à dogmática da Igreja: não basta ter verdades e proclamar “Senhor, Senhor” e com isso construir uma bela teologia. O que salva é o amor ou como diz um Concílio Ecumênico: veritas sicut opportet ad salutem consequendam, veritas caritate informata, verdade como é necessária para conseguir a salvação, vale dizer, a verdade imbuída de amor. Caso contrário o diabo (caso exista) estaria salvo. Ele conhece as verdades mais que os papas e todos os teólogos. Mas não tem amor. Por isso está onde está, no mundo do sem-amor que é o inferno. Esta visão supera todo o intelectualismo e obriga o Cristianismo a ser não uma ideologia ou cosmovisão, mas uma prática transformadora do anti-Reino em Reino, de pecado em graça. Então a verdade se veri-fica, quer dizer, fica verdadeira. Mas quero entrar num aspecto teórico acenado por D. Estêvão, ao dizer que a verdade não é contingente, mas perene. Suspeito que esteja preso a um tipo de compreensão da verdade que não colhe dimensões importantes dela. Suspeito que para ele verdade seja a reta conformidade da representação com a coisa. Este aspecto é importante, caso contrário estamos no mundo da mentira. Mas verdade é mais que este aspecto epistemológico. Há uma dimensão ontológica, bem vista pelos gregos com sua noção de desvelamento (a-létheia) e pela Bíblia com seu conceito de revelação. Segundo isso, a verdade é o processo de desvelamento e de revelação do ser, melhor, da presença do ser. Esta presença irradia e o ser humano vai captando historicamente o que consegue captar e o que esta presença entrega de si mesma. De mais a mais, a ontologia contemporânea é baseada na historicidade de todas as coisas (o tempo é intrínseco aos seres e não extrínseco) e na constatação da moderna cosmologia, segundo a qual nos confrontamos sempre com sistemas abertos, inseridos na seta do tempo (Prigogine) de sorte que tudo está em gênese (cosmogênese, antropogênese, cristogênese) e nada está acabado para sempre, mas continua cheio de virtualidades e nos sugere entender a verdade como um processo sempre de novo retomado de sintonia, conformidade e abertura ao que vai se revelando e emergindo. Só no termo do processo temos a verdade em sua plenitude. Teologicamente podemos dizer: a verdade de alguma coisa é sua conformidade com o desígnio de Deus sobre esta coisa. Ora, este desígnio não se revelou totalmente. Só no termo do processo de criação é verdade: “E Deus viu que tudo era bom”.
Fonte: JORNAL DO BRASIL - Domingo, 18 de Fevereiro de 1996 - Caderno B
Data Publicação: 14/09/2007

Fé e Ciência


A revista Época (09/05/2008 ; Edição nº 520) trouxe uma entrevista com o Dr. Alister Mc Grath, irlandês, professor de Teologia Histórica da Universidade de Oxford, na Inglaterra; entre outras coisas ele afirma que “a fé ajuda a explicar o que a ciência não consegue”. Ao contrário de seu colega ateu e propagador do ateísmo, Richard Dawkins, autor do livro “Deus, um delírio”, é um pesquisador cristão.
McGrath não abandona seus estudos científicos. Para ele, a ciência é capaz de explicar o mundo natural, mas não de entender valores e o significado da vida. Ambos são estudiosos das ciências naturais. McGrath tornou-se doutor em biofísica molecular, apresentou trabalhos relevantes e conquistou uma cadeira em Oxford. McGrath e Dawkins se conheciam. Encontravam-se em congressos de biologia e participavam de grupos de discussão sobre ateísmo. Ambos escreviam para a publicação americana Skeptical Magazine.
A diferença entre eles é que a mesma ciência levou Dawkins a pregar o ateísmo e McGrath a falar de Deus. Para combater Dawkins, McGrath publicou no ano passado o livro “O Delírio de Dawkins” (Editora Mundo Cristão), escrito em parceria com a mulher Joanna Collicutt, neuropsicóloga, especialista em teologia cristã. O livro de McGrath vendeu 60 mil exemplares na edição inglesa e foi traduzido para sete idiomas, e o nome de McGrath passou a circular entre os mais influentes da Europa.
A revista Época afirma que: “O mais irônico é que Dawkins, hoje rival, já foi ídolo de McGrath. Na época em que foi aprovado para cursar Biofísica Molecular em Oxford, em 1975, McGrath estava convencido de que a religião era a causa de conflitos e mortes pelo mundo e abraçou o ateísmo. Seu livro de cabeceira, “O Gene Egoísta”, publicado em 1976 por Dawkins, era a bíblia de quase todo universitário”.
Em seu livro, McGrath afirma que Dawkins confunde crença e prática religiosa. “Pode-se crer em algo sobrenatural sem que seja preciso haver prática religiosa”, diz McGrath. “Dawkins confunde tudo e ataca as duas coisas ao mesmo tempo.” O livro de Dawkins traz citações de internet, opiniões, hipóteses e frases de pessoas ilustres. “Ele faz isso para conseguir tecer suas idéias, já que falha na abordagem científica”, diz McGrath.
Dr. Alister considera que a existência de Deus pode ajudar o conhecimento científico. Entre outras coisas ele afirma que “há partes da vida que a ciência não pode explicar” e que “as duas [ciência e fé] podem trabalhar muito bem juntas”. Ele confirma que “há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos”. Ele aceita o processo evolutiva do mundo sem excluir Deus.
Mc Grath conta que na juventude esteve “apaixonadamente persuadido pela veracidade e relevância do ateísmo. Quando fui para Oxford estudar química, comecei a refletir sobre se aquilo faria sentido. Mais tarde conheci Joanna (sua atual esposa) e percebi que a força dos argumentos que levam a Deus é mais satisfatória do que a que leva ao ateísmo”.
Sobre Richard Dawkins ele diz que não são amigos, mas apenas professores da mesma universidade. “Nós estamos presentes em alguns congressos e nos encontramos. Somos cordiais. Mas não posso dizer que somos amigos. Nós nos conhecemos mais pelas publicações que um e outro produziu. E nossas divergências também aparecem no que escrevemos”.
Mc Grath afirma que Dawkins se tornou um fanático e que “a sua agressividade é reflexo de sua frustração. Ele passou a ser mais agressivo porque sabe que a religião está cada vez mais presente na vida das pessoas. Ele convoca seus leitores para militar contra a religião e rompe com sua própria argumentação. Seu único argumento é de que a religião não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. É por frustração que ele afirma que toda a religião é perniciosa e deve ser banida da sociedade”.
Dr. Alister afirma que em seu livro não dá argumentos para acreditar em Deus, mas quer rebater as teses de Dawkins. “A forma como você acredita em Deus dá sentido ao mundo. Acreditar em Deus traz esperança e motivação para se manter vivo e se relacionar com as pessoas”, afirma.
Ao responder a pergunta do repórter se acredita na evolução, McGrath diz discordar de Dawkins em sua insistência de que a evolução biológica exclui Deus do processo. Ele diz que “não entendo como ele chegou a essa conclusão. Na minha opinião, as duas coisas são compatíveis”.
Sobre a questão se as pessoas religiosas têm a moral mais desenvolvida que os ateus, ele responde: “Não quero dizer que ateus são pessoas ruins. O que quero dizer é que acreditar em Deus dá habilidade e ferramentas para tratar melhor deste assunto”.
McGrath acha que é importante submeter a fé a um exame crítico. “Acredito que todo mundo deveria submeter suas crenças a um exame crítico. Sempre. A razão pela qual sou cristão é porque submeti minhas crenças [no ateísmo] e descobri que elas não ficavam em pé. Para mim, acreditar em Deus tem razões muito mais robustas”.
Quando lhe é perguntado quando a ciência não pode explicar Deus, ele responde: “Penso que a ciência é extremamente efetiva para explicar o mundo natural. Mas quando tenta explicar questões como valores ou significados, não acredito que ela consiga com êxito. Dawkins diz que a ciência pode explicar todas as coisas. Eu digo que acreditar em Deus ilumina partes da vida que a ciência não pode explicar. As duas podem trabalhar muito bem juntas”.
Sobre a pergunta se ele votaria em um candidato ateu, responde: “Eu não escolheria meu candidato considerando a religiosidade dele. Dawkins exagerou no preconceito. Eu não cultivo o preconceito que ele próprio tem. Há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos”.
Dr. Alister Mc Grath é mais um cientista de renome internacional, que juntamente com outros como o Dr. Francis Collins, Diretor do Projeto Genoma Humano; Dr. Peter Grynn; Dr. Thomas Woods, e muitos outros, dá um testemunho atual de que a fé não é obstrução para a ciência, ao contrário, a ajuda. Obscurantismo hoje é afirmar que a fé é inimiga da ciência ou um obstáculo em seu caminho.
Fonte:www.cleofas.com.br

Hino aos Sacrários


HINO AOS SACRÁRIOS
Sobre este hino escreve o Padre Humberto Pasquale que ele «tem o ritmo dum salmo» e que «é pontilhado de arrebatamentos poéticos e percorrido pelo ardor seráfico de Francisco de Assis». O Padre Mariano Pinho fala dele como «canto precioso de louvor que recorda o Canto ao Sol de S. Francisco ou o Benedicite». O Casal Signorile, por sua vez, chama-lhe «estupendo Cântico de Oferta»: «O seu amor (de Alexandrina) abrasado, incontido, transbordando do coração cheio, irrompe num estupendo Cântico de Oferta.»

Ó meu Jesus, eu quero que cada dor que sentir, cada palpitação do meu coração, cada vez que respirar, cada segundo das horas que passar, sejam
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Eu quero que cada movimento dos meus pés, das minhas mãos, dos meus lábios, da minha língua, cada vez que abrir os meus olhos ou os fechar, cada lágrima, cada sorriso, cada alegria, cada tristeza, cada atribulação, cada distracção, contrariedades ou desgostos, sejam
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Eu quero que cada letra das orações que reze, ou oiça rezar, cada palavra que pronuncie ou oiça pronunciar, que leia ou oiça ler, que escreva ou veja escrever, que cante ou oiça cantar, sejam
Actos de amor para com os vossos Sacrários.
Eu quero que cada beijinho que Vos der nas vossas santas imagens ou da vossa e minha querida Mãezinha, nos vossos santos ou santas, sejam
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu quero que cada gotinha de chuva que cai do céu para a terra, toda a água que o mundo encerra, oferecida às gotas, todas as areias do mar e tudo o que o mar contém, sejam
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Eu Vos ofereço as folhas das árvores, todos os frutos que elas possam ter, as florzinhas oferecidas pétala por pétala, todos os grãozinhos de sementes e cereais que possa haver no mundo, e tudo o que contêm os jardins, campos, prados e montes, ofereço tudo como
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço as penas das avezinhas, o gorjeio das mesmas, os pêlos e as vozes de todos os animais, como
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço o dia e a noite, o calor e o frio, o vento, a neve, a lua, o luar, o sol, a escuridão, as estrelas do firmamento, o meu dormir, o meu sonhar, como
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, eu Vos ofereço tudo o que o mundo encerra, todas as grandezas, riquezas e tesouros do mundo, tudo quanto se passar em mim, tudo quanto tenho costume de oferecer-Vos, tudo quanto se possa imaginar, como
Actos de amor para os vossos Sacrários.
Ó Jesus, aceitai o Céu, a terra, o mar, tudo, tudo quanto neles se encerra, como se esse tudo fosse meu e de tudo pudesse dispor e oferecer-Vos como
Actos de amor para os vossos Sacrários.

Os Sete dons do Espírito Santo

No Espírito Santo, Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, reside o Amor Supremo entre o Pai e o Filho. Foi pelo Divino Espírito Santo que Deus se encarnou no seio de Maria Santíssima, trazendo Jesus ao mundo para nossa salvação. Peçamos humildemente à Maria, esposa do Espírito Santo, que interceda por nós junto a Deus concedendo-nos a graça de recebermos os divinos dons, apesar de nossa indignidade, de nossa miséria. Nas Escrituras, o próprio Jesus quem nos recomenda: "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Mt VII, 7s).
Fortaleza
Por essa virtude, Deus nos propicia a coragem necessária para enfrentarmos as tentações, vulnerabilidade diante das circunstâncias da vida e também firmeza de caráter nas perseguições e tribulações causadas por nosso testemunho cristão diante do mundo. Lembremo-nos que foi com muita coragem, com muito heroísmo, que os santos mártires desprezaram as promessas, as blandícias e ameaças do mundo. Com que serenidade foram ao encontro da morte! Que luta gloriosa não sustentaram! Luta não há mais para eles. Agora gozam de perfeita paz, em união íntima com Jesus, de cuja glória participam. Também nós, havemos de combater para alcançar a coroa eterna. Vivemos num mundo cheio de perigos e tentações. A alma acha-se constantemente envolta nas tempestades de paixões revoltadas. Maus exemplos pululam e as inclinações do coração são sempre dirigidas para o mal. Resistir a tudo isto requer força de vontade, combate resoluto, sem tréguas. Roguemos a Deus para que essa virtude seja nossa companheira inseparável; testemunhemos nosso amor a Deus por palavras e obras. Assim, viveremos na fé e pela fé, certos de que seremos felizes aqui e na eternidade.
Sabedoria
O sentido da sabedoria humana reside no reconhecimento da sabedoria eterna de Deus, Criador de todas as coisas que distribui seus dons conforme seus desígnios. Para alcançarmos a vida eterna devemos nos aliar a uma vida santa, de perfeito acordo com os mandamentos da lei de Deus e da Igreja. Nisto reside a verdadeira sabedoria que, aliás, não é um dom que brota de baixo para cima, jamais será alcançada por esforço próprio. É um dom que vem do alto e flui através do Espírito Santo que rege a Igreja de Deus sobre a terra.
Ciência
Todo o saber vem de Deus. Se temos talentos, deles não nos devemos orgulhar, porque de Deus é que os recebemos. Se o mundo nos admira, bate aplausos aos nossos trabalhos, a Deus é que pertence esta glória, a Deus, que é o doador de todos os bens.
Conselho
Hoje, mais do que nunca está em foco a educação da mocidade e todos reconhecem também a importância do ensino para a perfeita formação da criança. As dificuldades internas e externas, materiais e morais, muitas vezes passam pelo dom do Conselho, sem disto nos apercebermos. É uma responsabilidade, portanto, cumprir a vontade de Deus que destinou o homem para fins superiores, para a santidade. Para que possamos auxiliar o próximo com pureza e sinceridade de coração, devemos pedir a Deus este precioso dom, com o qual O glorificaremos aos mostrarmos ao irmão as lições temporais que levam ao caminho da salvação. É sob a influência deste ideal que a mãe ensina o filhinho a rezar, a praticar os primeiros atos das virtudes cristãs, da caridade, da obediência, da penitência, do amor ao próximo.
Entendimento
Há pessoas que, mesmo sem entender os preceitos da Igreja, permanecem fiéis aos seus ensinamentos; possuem o sabor pelas coisas de Deus e mesmo ignorando o vasto significado da liturgia, dos dogmas, das orações, dão testemunho de intensa devoção e piedade. Estão repletos de sabedoria, mas falta-lhes o entendimento, que resume-se na busca pela compreensão das coisas de Deus no seu sentido mais profundo. Portanto, Sabedoria não é consequência do Entendimento, ou vice-versa. Roguemos ao Senhor que nos conceda o Entendimento, perfeito complemento da Sabedoria. Por serem distintamente preciosos, nos fazem aproximar de Deus com todas as nossas forças, com toda a nossa devoção e inteligência.
Piedade
Nos dias de hoje, considerando a população mundial, há poucas, muito poucas pessoas que acham prazer em serem devotas e piedosas; as poucas que o são, tornam-se geralmente alvo de desprezo ou escárnio de pessoas que tem outra compreensão da vida. Realmente, é grande a diferença que há entre um e outro modo de viver. Resta saber qual dos dois satisfaz mais à alma, qual dos dois mais consolo lhe dá na hora da morte, qual dos dois mais agrada a Deus. Não é difícil acertar a solução do problema. Num mundo materialista e distante de Deus, peçamos a graça da piedade, para que sejamos fervorosos no cumprimento das escrituras.

Temor de Deus
Teme a Deus quem procura praticar os seus mandamentos com sinceridade de coração. Como nos diz as Escritura, devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus, e o resto nos será dado por acréscimo. O mundo muitas vezes sufoca e obscurece o coração. Todas as vezes que transigências fizemos às tentações, com certeza desprezamos a Deus Nosso Senhor. Quantas vezes preferimos a causa dos bens miseráveis deste mundo e esquecemo-nos de Deus! Quantas vezes tememos mais a justiça dos homens do que a justiça de Deus! Santo Anastácio a este respeito dizia: "A quem devo temer mais, a um homem mortal ou a Deus, por quem foram criadas todas as coisas?". Não esqueçamos, portanto, de pedir ao Deus Espírito Santo a graça de estarmos em sintonia diária com os preceitos do Criador.
Fonte:cot.org.br