sábado, 6 de setembro de 2008

Fé e Ciência


A revista Época (09/05/2008 ; Edição nº 520) trouxe uma entrevista com o Dr. Alister Mc Grath, irlandês, professor de Teologia Histórica da Universidade de Oxford, na Inglaterra; entre outras coisas ele afirma que “a fé ajuda a explicar o que a ciência não consegue”. Ao contrário de seu colega ateu e propagador do ateísmo, Richard Dawkins, autor do livro “Deus, um delírio”, é um pesquisador cristão.
McGrath não abandona seus estudos científicos. Para ele, a ciência é capaz de explicar o mundo natural, mas não de entender valores e o significado da vida. Ambos são estudiosos das ciências naturais. McGrath tornou-se doutor em biofísica molecular, apresentou trabalhos relevantes e conquistou uma cadeira em Oxford. McGrath e Dawkins se conheciam. Encontravam-se em congressos de biologia e participavam de grupos de discussão sobre ateísmo. Ambos escreviam para a publicação americana Skeptical Magazine.
A diferença entre eles é que a mesma ciência levou Dawkins a pregar o ateísmo e McGrath a falar de Deus. Para combater Dawkins, McGrath publicou no ano passado o livro “O Delírio de Dawkins” (Editora Mundo Cristão), escrito em parceria com a mulher Joanna Collicutt, neuropsicóloga, especialista em teologia cristã. O livro de McGrath vendeu 60 mil exemplares na edição inglesa e foi traduzido para sete idiomas, e o nome de McGrath passou a circular entre os mais influentes da Europa.
A revista Época afirma que: “O mais irônico é que Dawkins, hoje rival, já foi ídolo de McGrath. Na época em que foi aprovado para cursar Biofísica Molecular em Oxford, em 1975, McGrath estava convencido de que a religião era a causa de conflitos e mortes pelo mundo e abraçou o ateísmo. Seu livro de cabeceira, “O Gene Egoísta”, publicado em 1976 por Dawkins, era a bíblia de quase todo universitário”.
Em seu livro, McGrath afirma que Dawkins confunde crença e prática religiosa. “Pode-se crer em algo sobrenatural sem que seja preciso haver prática religiosa”, diz McGrath. “Dawkins confunde tudo e ataca as duas coisas ao mesmo tempo.” O livro de Dawkins traz citações de internet, opiniões, hipóteses e frases de pessoas ilustres. “Ele faz isso para conseguir tecer suas idéias, já que falha na abordagem científica”, diz McGrath.
Dr. Alister considera que a existência de Deus pode ajudar o conhecimento científico. Entre outras coisas ele afirma que “há partes da vida que a ciência não pode explicar” e que “as duas [ciência e fé] podem trabalhar muito bem juntas”. Ele confirma que “há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos”. Ele aceita o processo evolutiva do mundo sem excluir Deus.
Mc Grath conta que na juventude esteve “apaixonadamente persuadido pela veracidade e relevância do ateísmo. Quando fui para Oxford estudar química, comecei a refletir sobre se aquilo faria sentido. Mais tarde conheci Joanna (sua atual esposa) e percebi que a força dos argumentos que levam a Deus é mais satisfatória do que a que leva ao ateísmo”.
Sobre Richard Dawkins ele diz que não são amigos, mas apenas professores da mesma universidade. “Nós estamos presentes em alguns congressos e nos encontramos. Somos cordiais. Mas não posso dizer que somos amigos. Nós nos conhecemos mais pelas publicações que um e outro produziu. E nossas divergências também aparecem no que escrevemos”.
Mc Grath afirma que Dawkins se tornou um fanático e que “a sua agressividade é reflexo de sua frustração. Ele passou a ser mais agressivo porque sabe que a religião está cada vez mais presente na vida das pessoas. Ele convoca seus leitores para militar contra a religião e rompe com sua própria argumentação. Seu único argumento é de que a religião não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. É por frustração que ele afirma que toda a religião é perniciosa e deve ser banida da sociedade”.
Dr. Alister afirma que em seu livro não dá argumentos para acreditar em Deus, mas quer rebater as teses de Dawkins. “A forma como você acredita em Deus dá sentido ao mundo. Acreditar em Deus traz esperança e motivação para se manter vivo e se relacionar com as pessoas”, afirma.
Ao responder a pergunta do repórter se acredita na evolução, McGrath diz discordar de Dawkins em sua insistência de que a evolução biológica exclui Deus do processo. Ele diz que “não entendo como ele chegou a essa conclusão. Na minha opinião, as duas coisas são compatíveis”.
Sobre a questão se as pessoas religiosas têm a moral mais desenvolvida que os ateus, ele responde: “Não quero dizer que ateus são pessoas ruins. O que quero dizer é que acreditar em Deus dá habilidade e ferramentas para tratar melhor deste assunto”.
McGrath acha que é importante submeter a fé a um exame crítico. “Acredito que todo mundo deveria submeter suas crenças a um exame crítico. Sempre. A razão pela qual sou cristão é porque submeti minhas crenças [no ateísmo] e descobri que elas não ficavam em pé. Para mim, acreditar em Deus tem razões muito mais robustas”.
Quando lhe é perguntado quando a ciência não pode explicar Deus, ele responde: “Penso que a ciência é extremamente efetiva para explicar o mundo natural. Mas quando tenta explicar questões como valores ou significados, não acredito que ela consiga com êxito. Dawkins diz que a ciência pode explicar todas as coisas. Eu digo que acreditar em Deus ilumina partes da vida que a ciência não pode explicar. As duas podem trabalhar muito bem juntas”.
Sobre a pergunta se ele votaria em um candidato ateu, responde: “Eu não escolheria meu candidato considerando a religiosidade dele. Dawkins exagerou no preconceito. Eu não cultivo o preconceito que ele próprio tem. Há um grande preconceito dentro da universidade, especialmente contra cristãos”.
Dr. Alister Mc Grath é mais um cientista de renome internacional, que juntamente com outros como o Dr. Francis Collins, Diretor do Projeto Genoma Humano; Dr. Peter Grynn; Dr. Thomas Woods, e muitos outros, dá um testemunho atual de que a fé não é obstrução para a ciência, ao contrário, a ajuda. Obscurantismo hoje é afirmar que a fé é inimiga da ciência ou um obstáculo em seu caminho.
Fonte:www.cleofas.com.br

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